segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Ágape: Uma promessa de outras vidas - Francine Maia

 

Que os Deuses do Olimpo possuem sérios problemas psicológicos não é novidade, basta você ler um pouco a respeito que já dá para perceber. Imagina então ser o presenteado com a fúria de um dos Deuses? Pois é, Cupido e Psiquê são os afortunados que foram amaldiçoados por cem vidas, e nessa encarnação são Lucca Babic e Calista Parker, dois adolescentes separados por um oceano, porém ligados por lembranças, sonhos e um amor imensurável.

Mas espera que as coisas são ainda mais complicadas, pois além dos Deuses interferindo em suas vidas, ambos precisam lidar com as responsabilidades e dificuldades de uma mundana vida de adolescente.

Lucca é filho de um ex-politico e atual advogado milionário e carrega consigo o peso de ser seu herdeiro. Calie não tem o peso da herança em suas costas, mas isso só torna tudo mais complicado, pois deixa ela com o “dever” de cuidar de sua família.


Eu adorei o livro! A leitura flui fácil e leve, apesar de ter em sua trama o tópico abuso e relacionamento tóxico. Beth e Morgan, as duas amigas de Calie, assim como Todd e Henry, sem dúvida ganharam meu coração. Eles fazem de tudo para ajudá-la e mesmo quando ela recusa, eles não arredam de seu lado até o fim.

Lucca também não está sozinho, e junto com Andrew e Tibor formam os mosqueteiros. Tibor é perfeito! Louis de início me irritou levemente, mas depois ganhou meu coração também, assim como Ryze (fiquei muito feliz com o final dela).

Francine nos envolve e nos cativa com todos os personagens, mesmo aqueles que não possuem muito de sua história citada, deixam claro em suas ações o tipo de pessoas que são e é nisso que eles nos ganham.

Achei muito legal o fato da história avançar alguns anos e podermos ver o amadurecimento de todos eles.


Amei o fato de ter as ilustrações de algumas cenas ao final de alguns capítulos <3


Há ainda Eros: o Deus que me amou, que é um conto prequel e que eu já comprei kkkkk, assim posso adiar um pouco mais a despedida desses personagens maravilhosos <3


sábado, 5 de fevereiro de 2022

O peso do vazio: Dançando no mistério - Olivia Lautre

 

Primeiro quero comentar que quase não li O peso do vazio. Vi muita gente falando que a leitura começava confusa, que demorava até engatar e fui enrolando até decidir que iria ler para ter a minha opinião a respeito, e que bom que eu fiz isso pois O peso do Vazio é sem dúvida um dos melhores (se não o melhor) livro que já li, e cá entre nós, eu já li bastante.

O livro nos insere no universo dos Sangue em Ascensão, uma organização secreta formada pelas 8 famílias mais importantes do país. Mas o elo deles vai muito além de todo o dinheiro que possuem e que é quase como uma coisa só, há segredos, crimes e sangue manchando e unindo todos eles.

Os Sangue e Ascensão estão acima das leis comuns, porém abaixo e completamente soterrados pelas próprias leis. E é em meio a esse caos de regras, deveres e sordidez que conhecemos Damon, Dylan, Cherrie e Alexia (somos apresentados há vários outros personagens, mas vou me ater a eles para não acabar dando spoiler). Damon e Dylan são gêmeos, e assim como Cherri, são peões nesse tabuleiro. Cada um dos líderes das famílias equivalem a uma peça de xadrez e seus herdeiros são peões treinados para substituí- los um dia. Nesse jogo, cada família é responsável por uma função específica, e preciso dizer que achei maravilhoso tudo isso, primeiro porque eu amo xadrez, e segundo porque Olivia elaborou tudo isso com uma maestria incrível e torna a trama única.

Okay, mas e Alexia? Quem é ela nisso tudo? Ah meus caros, ficamos nos perguntando isso a maior parte do livro. Mas de início o que sabemos é que Alexia foi uma bailarina muito famosa e que hoje trabalha como professora de ballet em uma cidadezinha onde se esconde de algo terrível e se atormenta pelo peso de seu segredo (prepare a ambulância para quando você descobrir qual é). A aluna de Alexia é Aarona Duncan, avó de Damon e é quando Damon está mais afundado do que achava que poderia ficar que ele reencontra Alexia e vê nos movimentos da bailarina a válvula de escape da qual precisa. Após muita resistência, Alexia aceita a aproximação, mas ambos são extremamente quebrados, dilacerados e ainda sangram por várias coisas e se relacionar nesse estado é quase impossível.


Sobre os personagens:

Dan é cego! Meus Deus! Como pode alguém ser tão inocente tendo sido criado em um ninho de cobras? Mas apesar de cego, ele também é leal (até demais), honesto, sensível e amoroso. O que não é exatamente bom para ele. É lindo ver o cuidado que ele tem com os que ama, ainda que alguns desses não merecessem esse amor.

Alexia é apaixonada por sua dança, e tão, tão estilhaçada por conta de seu passado que me vi chorando diversas vezes por causa dela. O guria teimosa! Passei raiva também em alguns momentos, porque se de um lado a teimosia dela vira obstinação e a faz ir em frente, em outros faz com que ela estanque e cave um buraco para se enfiar.

O relacionamento dos dois, apesar de possuir uma intensidade surreal, acontece de forma lenta, à medida que ambos vão se curando e eu amei isso.

Cherrie é uma vaca! Olha! Sabe aquele personagem que te tira do sério? É ela! Mas preciso ressaltar que ela é extremamente forte, determinada e inteligente. Os Sangue em Ascensão são machistas do pior tipo e apesar disso, Cherrie consegue um espaço, consegue que lhe ouçam e obedeçam. É a rainha da porra toda! E você vai entender isso quando chegar nos últimos capítulos.

A princípio você vai estranhar o Dylan estar aqui, afinal na história ele ocupa um lugar aparentemente muito secundário, mas não é. Dylan, assim como Damon, não se encaixa nos padrões dos Sanguem em Ascensão e embora isso acabe jogando um peso maior nas costas do Damon, é graças a isso que torna Dylan capaz de apoiá-lo em diversos momentos complicados.

Sobre Olivia:

Que escrita maravilhosa! A leitura não flui, ela te suga, te consome, é surreal a forma como não conseguia largar o celular mesmo estando caindo de sono. Olivia possui uma poesia em sua escrita, de forma que mesmo as piores cenas nos encantam, é como conseguir ver beleza na morte apesar da dilaceração que o luto nos causa. E que universo incrível! A história é instigante, nos atiça, nos faz tentar ligar os pontos e tentar ver uma motivação oculta em tudo. E ainda que muitas peças nos sejam entregues, não conseguimos montar o quebra-cabeça inteiro sozinho.

Eu amei a ficha das famílias no início do livro e a forma como as coisas foram sendo apresentadas. Não há aquela explicação mecânica de como o jogo funciona, como se nos sentamos para jogar e o participante experiente precisasse esmiuçar todas as regras antes de finalmente permitir que toquemos no tabuleiro. Não, a história flui e vamos compreendendo como as coisas funcionam de forma natural.

O peso do vazio é aquele livro que te tira da ressaca da vida, mas provavelmente te deixará em uma ressaca literária, pois nada será tão bom quanto ele.

sábado, 11 de dezembro de 2021

Um Castelo Para o Natal


Eu sou incrivelmente apaixonada pelo Natal, e nada mais gostoso nessa época do que os filmes natalinos. Hoje venho falar com vocês sobre Um castelo para o natal. Gente que filme maravilho! 

Sinopse: Sophie é uma escritora de sucesso, mas  talvez o amor de seu publico esteja acabando. Tudo porque Sophie deu um final bem diferente do que todos esperavam em seu ultimo livro. Faz 1 ano que ela se divorciou e quando os ex fãs começam seus protestos, Sophie resolve que precisa mudar de ares e ir atrás das raízes da família, o que a leva o castelo de Dunbar, na Escócia. Sophie é super bem recebida pelos moradores da pequena aldeia onde o castelo fica e logo descobre que as coisas por lá não estão das melhores, financeiramente falando, mas para salvar Dun Dunbar, Sophie vai precisar de paciência e jogo de cintura para lidar com o 12º Duque de Dunbar. 

Primeira coisa que preciso dizer é que a meta de vida foi atualizada para achar um castelo a venda em uma aldeia na Escócia. 

Se filmes natalinos já não fossem perfeitos por si só, ter um ambientando em um castelo só melhora. Os personagens são maravilhosos! Achei muito bonita a união entre os moradores da aldeia, é aquela coisa de família sabe? E o castelo? Ai gente que perfeição foi ver o castelo decorado para o natal. Sophie nos traz a realidade de que as vezes, ao longa da vida, vamos nos perdendo de nós. Focamos tanto em algo (no caso dela foi o trabalho) que não percebemos as mudanças e chega um momento que precisamos descobrir quem nós somos. 

É um romance, e sim, é clichê. Mas já disse, CLICHES FUNCIONAM! E nós amamos! Um castelo para o Natal é um filme para aquecer o coração com muito amor, união, pinheiros e neve, do jeito que deve ser o natal.





quinta-feira, 2 de abril de 2020

A Lady de Lyon - Julie Garwood


 Cristina  chega a sociedade causando alvoroço com seus mistérios e sua beleza, e ate mesmo o inabalável Lyon se vê tragado por aqueles olhos. Embora ele tente se convencer de que é apenas curiosidade, pouco a pouco ambos se entrelaçam cada vez mais, literalmente. Enquanto Lyon luta para resistir a Cristina motivado por magoas passadas, Cristina faz o mesmo, porem pela necessidade de manter seu segredo. Afinal, se Lyon descobrir sua origem há de considerá-la inferior e isso é algo que Cristina não poderá suportar.

Amo romances! Eles possuem aquela capacidade de aquecer nosso coração de forma única e com esse livro não foi diferente. Nós vemos cativados por Cristina e também por Lyon, a forma como eles se relacionam causam boas risadas também.  
No inicio somos apresentados ao passado de Cristina e simplesmente adorei isso, pois vemos sobre a forma que ela foi criada, que não foi bem a tradicional, e assim compreendemos melhor a forma como a personagem raciocina em relação as coisas. Por conta dessa criação o choque cultural entre ela e Lyon é gigante e muito engraçado também. 
Cristina consegue ser forte, determinada e ao mesmo tempo possui uma dose de inocência. Acredito que essa mistura é a razão pela qual nos apaixonamos por ela.

A história flui e te envolve sem esforço, vamos sendo apresentados a vários personagens secundários, que embora não recebam tanta atenção da autora nas descrições e tramas, é o suficiente para que “enxerguemos” a atmosfera social da qual Lyon faz parte. 
A primeira pagina de cada capitulo é uma pagina do diário da mãe de Cristina que visa nos contar um pouco do passado dela e explicar não só como Cristina foi acabar sendo criada tão longe de casa, mas qual o motivo de ter retornado, porem é um pouco decepcionante, mas nada que afete significativamente. 

Caso ja tenham lido não esqueçam de deixar suas impressões nos comentários.
Beijos de La Fleur! 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

O Trono do Sol: A Magia da Alvorada – S.L.Farrell

Fiquei pensando durante alguns dias qual seria a melhor forma de fazer a resenha desse livro, afinal são tantas coisas que merecem ser mencionadas e queria ter a certeza de não esquecer nenhum detalhe importante. Por fim, cheguei à conclusão de que ficaria muito extenso e fiz o possível para falar de tudo um pouco, mesmo que de forma resumida.

Primeiro vamos falar do livro em si... A capa embora simples, já nos remete a um ar de mistério e embora a descrição do salão do trono não seja tão obscura quanto à capa faz parecer, ainda assim gostei bastante dela. Uma espécie de moldura foi colocada nas paginas, o que da certo charme embora seja algo suave, a diagramação e revisão foram muito bem feitas e amei o fato de ao fim do livro ter o apêndice que é composto pelos nomes e suas pronuncias, um dicionário que também conta com a pronuncia correta de cada palavra, uma explicação sobre a fé Concénziana, sobre como funcionam os prefixos de status e a hierarquia dos Dominios entre outras coisas (o fato da linhagem ser matriarcal, por exemplo), além do mapa de Nessântico e arredores. O livro é dividido em capítulos e ao longo de cada um a narrativa muda entre os personagens, de modo que temos uma visão bem ampla dos acontecimentos em Nessântico e nas proximidades.

Falando agora da historia... Apesar de Ana Co’Seranta ser o personagens com mais narrativa e de certo modo a maioria dos eventos envolve-la, não diria que ela é nossa protagonista... Nessântico é nossa protagonista! Sim, a cidade, pois tudo envolve Nessântico e a vontade de controla-la. De um lado temos Dhosti Ca’Millac, líder da fé Concénziana (algo similiar ao Papa da Igreja Catolica) junto com a Kraljica Marguerite, que buscam pela paz nos Domínios e possuem um visão um pouco mais flexível sobre a Divolonté (algo similar a Bíblia).

Sabe no filme O Padre, quando fazem aquele discurso de que ir contra a Igreja é ir contra Deus? Pois bem, em Nessântico não é diferente, ir contra a Divolonté é ir contra Cénzi e a condenação por isso é ter suas mãos e língua arrancados para nunca mais poder moldar o Ilmodo (poder magico concedido por Cénzi, aqui religião e magia são uma coisa só e você só pode moldar o Ilmodo se possuir fé em Cénzi e se tornar um sacerdote) e se por um lado temos Dhosti com uma visão mais flexível, do outro temos Orlandi Ca’Celibrecca, um extremista que não aceita interpretações diferentes da Divolonté e muito menos tolerância com aqueles que ousam usar o Ilmodo sem acreditar em Cénzi. Não preciso nem mencionar que Orlandi almeja o cargo de Archigos que pertence a Dhosti e será capaz de qualquer coisa para conseguir.

Ainda temos é claro aqueles que almejam o trono do Sol, o posto de Kralji e o controle de Nessântico e no meio de toda essa briga por poder temos Ana Co’Seranta que a única coisa que realmente quer é a liberdade, é nunca mais ter que ver seu Vathar novamente e que Cénzi a perdoe por usar o Ilmodo de forma indevida, porém liberdade é algo difícil de se conseguir em Nessântico, principalmente se você tem um poder tão grande quanto Ana tem e no momento em que Dhosti percebe isso e põe Ana sobre sua “proteção”, põe também um alvo na testa da menina. Para complicar ainda mais as coisas (ou não), Ana conhece Karl, um numetodo (pessoa que não acredita em Cénzi, porem molda o Ilmodo) que confunde sua cabeça, coração e sua fé.

A historia é envolvente, repleta de intriga, ação e magia. Você tem uma serie de coisas acontecendo ao mesmo tempo e todas elas com as mesmas chances de darem certo ou não, o que cria aquela tensão e curiosidade de não saber que rumo a historia vai seguir, até porque uma simples decisão de um dos envolvidos pode mudar tudo. Os personagens são intrigantes e cativantes, você logo se vê torcendo e roendo unhas com os acontecimentos. Leitura mais que recomendada!

O Trono do Sol é uma trilogia e não vejo a hora de ler a continuação (felizmente ganhei os três <3)

sábado, 26 de janeiro de 2019

Clube da Luta 2 – Chuck Palahniuk


Tyler Durden vive! E cá para nós, não teria graça um segundo livro se fosse diferente. Dito isso, já vou explicar que diferente do que costumo fazer, essa resenha terá apenas minhas impressões sobre o livro, sem o resumo da historia. Isso porque em questão de trama, a historia é bem curta e seria difícil fazer um resumo sem dar spoiler.

Antes de iniciar realmente, preciso voltar até o momento em que li Cube da Luta. Amei o livro! Achei a escrita de Chuck incrível e o universo criado me ganhou completamente, no ponto que quando soube da existência do filme eu corri para assistir e já nem lembro mais quantas vezes assisti até hoje. Cube da Luta é daqueles livros que recomendo para todos (e continua sendo assim, mesmo depois de ler o 2) e foi ao indicar ele para uma amiga que soube que o 2 já havia sido lançado. Óbvio que corri para comprar, porém somente agora consegui parar para ler.
Como citado antes, a historia é curta e não levei nem 1 hora para ler o livro que possui 278 páginas. Os desenhos são ótimos e ajudam bastante a compreensão de todo o caos e tensão que permeiam as cenas.

Clube da Luta 2 se passa 9 anos depois da historia do primeiro livro, Marla e Sebastian se casaram e tiveram um filho. O relacionamento é uma droga e Sebastian se tornou o pai ausente que nunca quis ser e é no auge de todo esse desespero emocional que Tyler surge novamente e vira a vida de Sebastian de cabeça para baixo.

Ao contrário do primeiro livro, o segundo é no formato de quadrinho e se isso foi ótimo para a visualização das cenas, foi ruim para o desenvolvimento da historia. Antes de me atirarem pedra entendam que eu gosto de quadrinhos e fiquei feliz quando soube que seria nesse formato, só que não funcionou. No primeiro livro Chuck nos presenteia com uma escrita fantástica, acelerada e conturbada, porém de modo que conseguimos entender o que está acontecendo, conseguimos sentir a tensão de cada momento, a revolta.. Já no segundo volume não há isso.
Entendo que o autor quis nos mostrar o quão grande eram os planos de Tyler e o quão megalomaníaco ele realmente era, contudo achei alguns acontecimentos forçados demais e sinceramente, fiquei muito decepcionada com a mudança de Tyler. Que o Senhor Durden era louco nós já sabíamos, mas havia um propósito, havia uma revolta compreensível por como a sociedade e suas exigências podem nos sufocar, sufocar nossos sonhos e nos tornar consumidores compulsivos... Era contagiante! No livro dois Tyler Durden é apenas um lunático querendo ser o Rei do Mundo.
Chuck em alguns pontos ainda usou da quebra da quarta barreira, quando autor e personagem conversam ( como acorre em alguns filmes em que o personagem discorda, conversa e etc com o narrador. Ex: George o Rei da Floresta), o que pode ser muito divertido, mas que em Clube da Luta 2 ficou confuso em diversos momentos.
Não diria que não gostei do livro, mas preciso pontuar que o primeiro é muito melhor.

sábado, 29 de dezembro de 2018

A Morte da Luz - George R.R. Martin



Alto Kavalaan é um dos mundos exteriores, com seus códigos de honra, suas tradições e sua sociedade complexa... Mas não estamos em Alto Kavalaan, estamos em Worlorn, um planeta errante e  morto..ou quase. Houve o tempo em que havia vida e dela agora resta apenas as cidades abandonadas e desbostadas com seus fantasmas e vestígios das culturas de cada mundo. Essa é a visão que Dirk tem quando responde ao chamado de Gwen que está em Worlorn a trabalho junto com o pequeno grupo de Kavalarianos.
 Como se Worlorn já não fosse perigoso e problemático por si só, Dirk ainda precisa lidar com problemas políticos e principalmente emocionais.

Imagine ir até um mundo completamente desconhecido e se deparar com um planeta em decadência, começando a congelar e com suas fauna e flora sucumbindo. Agora imagine ter ido até lá porque o amor de sua vida lhe chamou e ao chegar se depara com ela não só “casada”, como casada com dois homens. Pois é. Quando Dirk saiu de Braque em direção a Worlorn um caleidoscópio de sentimentos lhe tomavam... Havia a ansiedade, o nervosismo, mas também a esperança, já que depois de anos de um completo silencio sua Jenny lhe chamava. Porem após chegar percebeu que muitos anos haviam se passado, Gwen já não era mais a mesma, nem ele...E ainda há Jaan Vikary e Garse Janacek.

A Morte da Luz tem uma historia um pouco parada inicialmente, os conflitos apresentados de inicio são emocionais, porem somos presenteados com um planeta composto por fragmentos de vários outros, uma vez que durante o Festival da Orla um total de 14 planetas construíram suas cidades, trouxeram seus animais e suas plantas para dar vida a Worlorn que até então era um planeta vazio e recém descongelado. R.R.Martin apresenta de forma natural e fluida um pouco da cultura de cada um desses povos. A medida que Dirk conhece as cidades abandonadas vislumbramos a gloria e o declínio de cada povo em Worlorn.

Há um foco especial em Alto Kavalaan, afinal Gwen (que nasceu em Avalon) se “casou” com uma Kavalariano e Dirk vê sua cultura se chocar com a deles, cultura essa que nem a própria Gwen está habituada ainda.  De modo geral a cultura e sociedade Kavalariana faz a gente torcer o nariz, porem a medida que somos imersos mais fundo na personalidade dos personagens, percebemos que o grande problemas são as pessoas e não a cultura em si. Adorei o fato de R.R.Martin nos explicar o porque das coisas serem como são em Alto Kavalaan, uma vez que Dirk é leigo a respeito disso, Jaan e Gwen tentão faze-lo entender como as coisas funcionam e obviamente nós também vamos compreendendo.


“Dê um nome para uma coisa e ela, de algum modo, passará a existir. Toda a verdade está nos nomes, e todas as mentiras também, pois nada distorce tanto quanto um nome falso, um nome falso que muda a realidade assim como as aparências.”
(p.42)


Se o inicio é calmo e leve, o final é de tensão e agonia. Como a sinopse do livro diz “caçador e caça trocam de lugar a todo momento” e há sempre um leque grande de possíveis acontecimentos que tornam difícil de acertamos qual será o destino dos personagens.

Larteyn cidade feita por Alto Kavalaan
No fim das contas me vi gostando dos laços de Jade-e-prata e Ferro-e-pedrardente (não explicarei, leia o livro para entender kkkk) e gostando de Garse com todo seu humor sarcástico e comentários ácidos. É fácil gostar de Jaan (é o clássico herói lutando para mudar as coisas e dando uma chance a todos ao seu redor) e Dirk é... Confuso e um pouco tolo no inicio, gostei do personagem e principalmente de sua evolução, mas toda a melancolia e incerteza que cercam a mente do personagem me fizeram querer estapeá-lo e manda-lo crescer um pouco, afinal os cabelos começando a ficar grisalho deveria acompanhar alguma maturidade emocional. Gwen é agradável, confesso que não acho nenhuma grande característica para defini-la, ao se deparar com Dirk e estando em uma relação complicada e imersa em uma cultura machista, obviamente ela se viu balançada e confusa e tudo isso só piora no desenrolar da trama.

Essa foi a primeira obra de R.R.Martin que eu li (sim, me crucifiquem kk) e por tanto não tenho como comparar as narrativas, porem de certa forma achei ótimo, já que assim consigo analisar sem influencia e sinceramente, vale a pena a leitura. A leitura flui, te prende e a todo momento mudamos de opinião sobre quem é ruim e quem não é.. No fundo nenhum deles é completamente uma coisa e nem outra, na verdade são um misto de diversos sentimentos que impulsionam as reações, seres complexos e humanos independente de qual mundo tenham vindo.

Sentirei falta de Worlorn e de seu dia crepuscular.

Obs: A palavra casamento foi colocada entre aspas pois o que os Kavalarianos possuem não é exatamente um casamento. Outra observação importante é sobre a imagem de Larteyn, não achei a origem e por isso não coloquei os devidos creditos.

“Agora, pode haver muita afeição no jade-e-prata, muito amor, sim. Embora, você sabe, a palavra usada para isso, a palavra-padrão terrestre, não tenha equivalente no antigo kavalariano. Interessante, né? Eles podem amar sem uma palavra para isso, amigo t’Larien?”
(p.52)