Como se Worlorn já não fosse
perigoso e problemático por si só, Dirk ainda precisa lidar com problemas políticos
e principalmente emocionais.
Imagine ir até um mundo
completamente desconhecido e se deparar com um planeta em decadência, começando
a congelar e com suas fauna e flora sucumbindo. Agora imagine ter ido até lá
porque o amor de sua vida lhe chamou e ao chegar se depara com ela não só “casada”,
como casada com dois homens. Pois é. Quando Dirk saiu de Braque em direção a
Worlorn um caleidoscópio de sentimentos lhe tomavam... Havia a ansiedade, o
nervosismo, mas também a esperança, já que depois de anos de um completo
silencio sua Jenny lhe chamava. Porem após chegar percebeu que muitos anos
haviam se passado, Gwen já não era mais a mesma, nem ele...E ainda há Jaan
Vikary e Garse Janacek.
A Morte da Luz tem uma historia
um pouco parada inicialmente, os conflitos apresentados de inicio são
emocionais, porem somos presenteados com um planeta composto por fragmentos de vários
outros, uma vez que durante o Festival da Orla um total de 14 planetas construíram
suas cidades, trouxeram seus animais e suas plantas para dar vida a Worlorn que
até então era um planeta vazio e recém descongelado. R.R.Martin apresenta de
forma natural e fluida um pouco da cultura de cada um desses povos. A medida
que Dirk conhece as cidades abandonadas vislumbramos a gloria e o declínio de
cada povo em Worlorn.
Há um foco especial em Alto
Kavalaan, afinal Gwen (que nasceu em Avalon) se “casou” com uma Kavalariano e
Dirk vê sua cultura se chocar com a deles, cultura essa que nem a própria Gwen
está habituada ainda. De modo geral a
cultura e sociedade Kavalariana faz a gente torcer o nariz, porem a medida que
somos imersos mais fundo na personalidade dos personagens, percebemos que o
grande problemas são as pessoas e não a cultura em si. Adorei o fato de
R.R.Martin nos explicar o porque das coisas serem como são em Alto Kavalaan,
uma vez que Dirk é leigo a respeito disso, Jaan e Gwen tentão faze-lo entender
como as coisas funcionam e obviamente nós também vamos compreendendo.
“Dê um nome para uma coisa e ela, de algum modo, passará a existir. Toda a verdade está nos nomes, e todas as mentiras também, pois nada distorce tanto quanto um nome falso, um nome falso que muda a realidade assim como as aparências.”
(p.42)
“Dê um nome para uma coisa e ela, de algum modo, passará a existir. Toda a verdade está nos nomes, e todas as mentiras também, pois nada distorce tanto quanto um nome falso, um nome falso que muda a realidade assim como as aparências.”
(p.42)
Se o inicio é calmo e leve, o
final é de tensão e agonia. Como a sinopse do livro diz “caçador e caça trocam
de lugar a todo momento” e há sempre um leque grande de possíveis acontecimentos
que tornam difícil de acertamos qual será o destino dos personagens.
Larteyn cidade feita por Alto Kavalaan |
No fim das contas me vi gostando
dos laços de Jade-e-prata e Ferro-e-pedrardente (não explicarei, leia o livro para
entender kkkk) e gostando de Garse com todo seu humor sarcástico e comentários ácidos.
É fácil gostar de Jaan (é o clássico herói lutando para mudar as coisas e dando
uma chance a todos ao seu redor) e Dirk é... Confuso e um pouco tolo no inicio,
gostei do personagem e principalmente de sua evolução, mas toda a melancolia e
incerteza que cercam a mente do personagem me fizeram querer estapeá-lo e
manda-lo crescer um pouco, afinal os cabelos começando a ficar grisalho deveria
acompanhar alguma maturidade emocional. Gwen é agradável, confesso que não acho
nenhuma grande característica para defini-la, ao se deparar com Dirk e estando
em uma relação complicada e imersa em uma cultura machista, obviamente ela se
viu balançada e confusa e tudo isso só piora no desenrolar da trama.
Essa foi a primeira obra de
R.R.Martin que eu li (sim, me crucifiquem kk) e por tanto não tenho como
comparar as narrativas, porem de certa forma achei ótimo, já que assim consigo
analisar sem influencia e sinceramente, vale a pena a leitura. A leitura flui, te
prende e a todo momento mudamos de opinião sobre quem é ruim e quem não é.. No
fundo nenhum deles é completamente uma coisa e nem outra, na verdade são um
misto de diversos sentimentos que impulsionam as reações, seres complexos e
humanos independente de qual mundo tenham vindo.
Sentirei falta de Worlorn e de
seu dia crepuscular.
Obs: A palavra casamento foi
colocada entre aspas pois o que os Kavalarianos possuem não é exatamente um
casamento. Outra observação importante é sobre a imagem de Larteyn, não achei a origem e por isso não coloquei os devidos creditos.
“Agora, pode haver muita afeição no jade-e-prata, muito amor, sim. Embora, você sabe, a palavra usada para isso, a palavra-padrão terrestre, não tenha equivalente no antigo kavalariano. Interessante, né? Eles podem amar sem uma palavra para isso, amigo t’Larien?”
(p.52)
“Agora, pode haver muita afeição no jade-e-prata, muito amor, sim. Embora, você sabe, a palavra usada para isso, a palavra-padrão terrestre, não tenha equivalente no antigo kavalariano. Interessante, né? Eles podem amar sem uma palavra para isso, amigo t’Larien?”
(p.52)
Sentidos aflorados ou não, o que me trouxe magia é o fato do R.R. ser tão volatil... Você pega as chronicas de gelo e fogo com toda tensão e transfere como um livro de contos romanticos sem perder o entusiasmo... Acredito que é uma leitura muito divertida e leve, para se ler ao logo do mês e não tudo de uma vez, perfeito para mesclar entre leituras, pois apesar de complexo, R.R. consegue deixar muita coisa clara... Mas acredito que quando chegarem por volta da pág 89, dificilmente largaram esse para retomar a leitura até terminar. Abraços de seu amigo Anô
ResponderExcluir